Nascido em Sapé, Augusto dos Anjos morreu em Minas Gerais em 12 de novembro de 1914, em Leopoldina (MG)
No próximo dia 12 de novembro, completam-se 109 anos do aniversário de morte do poeta paraibano Augusto dos Anjos. Numa morte precoce, o autor de “Eu”, nascido no município de Sapé, deixou uma marca única na literatura brasileira. Bem recente, uma iniciativa vem mantendo vivo o legado do poeta. Trata-se de “Viola dos Anjos”, projeto idealizado pelo artista Chico Viola, que pode ser conferido no YouTube e, agora, nas plataformas digitais de música.
O “encontro” de Chico Viola e Augusto dos Anjos aconteceu nos anos 80. No Liceu Paraibano, Chico teve os primeiros contatos com a obra de Augusto e é com ele que caminha até hoje. Da admiração fervorosa, Chico transpôs os versos para as notas musicais, o que resultou no CD “Viola dos Anjos”, lançado em 2002.
Nesta nova fase de ‘Viola dos Anjos’, Chico mostra a cara, evoca a voz da voz. Recita, canta, faz a toada soturna, perturbada e, ao mesmo tempo sensível, decifrando melodiosamente os versos que o impactaram há tantos anos. É um encontro de sintonias dos desassossegados. Bonito ver como Chico fica à vontade e deixa transparecer a paixão por Augusto, por sua obra. Justo ele, que musicou os primeiros versos do escritor em 1989.
O CD possui 16 poesias musicadas. Atualmente, o projeto “Viola dos Anjos” já conta com 30 músicas. ‘Idealismo’, ‘O Lázaro da Pátria’ e ‘Monólogo de uma sombra’ já estão postadas no canal do Youtube. Vai lá e aprecia sem moderação. Chico Viola – YouTube
Sobre a experiência, Chico conta que é uma continuidade do que já vinha sendo feito, mas absorvendo outros formatos. “Continuo musicando os poemas. Neste momento, por exemplo, estou musicando ‘Solidão’ e que para mim está sendo um poema de cura, onde ele fala não como o ‘poeta da morte’, mas como um Procusto”, disse.
Para Chico Viola, a obra de Augusto dos Anjos segue viva e uma referência para toda a poesia e escolas literárias do Brasil. “Para mim, Augusto é um grande pensador e, por ser poeta, ele colocou os pensamentos em sonetos ou temas de teses, ou poesias diversas”, falou.
É mais do que justo mencionar a competente equipe do projeto que soube passar para o audiovisual este precioso projeto, com direção de Ana Paula Viana, câmera de Neto Freitas, fotografia de Fernanda Amaral, som de Kaio Kajon, supervisão musical de Gastón Mondino, e do Polo de Comunicação da Casa Pequeno Davi. Cada de detalhe de cena, do gestual, cenário enxuto, tudo feito com muito zelo e carinho.
FOTOS – FERNANDA AMARAL
*Rogéria Araújo é manaura, atua como jornalista, produtora cultural e assina a coluna Só Para os Raros.