MEMÓRIAS.
Sérgio Botelho – Aproveito um evento ocorrido nesta sexta-feira, 15, no Centro Cultural do Tribunal de Contas do Estado, para lembrar uma das mais importantes figuras paraibanas da história brasileira. Falo, amigos, de José Américo de Almeida, escritor, político e jurista nascido em 10 de janeiro de 1887, na paraibaníssima cidade de Areia, e falecido em 10 de março de 1980, em João Pessoa.
Primeiramente, ele se destacou no campo das letras, especialmente por conta de seu romance “A Bagaceira”, publicado em 1928, uma das obras mais importantes da literatura brasileira, equivocadamente reduzida por gente do Sul e do Sudeste como de uma suposta literatura regionalista. Nada disso. O que Américo produziu, na largada, foi uma literatura nacional, porque escrita no Brasil, com português nacional, ainda mais com nítidas características modernistas, portanto, inovadoras.
Antes disso, em 1923, José Américo publicou “A Paraíba e seus Problemas”, onde se debruça sobre questões sociais, econômicas e políticas que conduzem a um entendimento não apenas do estado, mas da região nordestina, e do próprio Brasil, na primeira metade do Século XX. No livro, o autor discute temas como a educação, a saúde, a infraestrutura, a economia rural e os problemas sociais, apresentando diagnósticos e, em alguns casos, propostas para solucionar os problemas identificados.
O evento do qual falei no início do texto foi realizado no auditório do Centro Cultural Ariano Suassuna, do Tribunal de Contas da União, destinado a lançar uma nova edição do livro A Paraíba e seus Problemas, sob a responsabilidade da Editora Senado, e de um outro volume contendo o que se chama Fortuna Crítica do livro de José Américo.
Fortuna Crítica é um termo utilizado no campo dos estudos literários, artísticos e culturais para descrever o conjunto de análises, interpretações, julgamentos e avaliações que uma obra de arte, um autor ou um movimento cultural recebe ao longo do tempo.
Me meto a fazer este registro porque “A Paraíba e seus Problemas” é mesmo uma obra significativa para estudiosos da história, da política e da sociedade brasileira, especialmente aqueles interessados na região Nordeste. Além de reconhecido valor literário, ofertando uma perspectiva sobre as ideias e o pensamento de um dos intelectuais mais influentes da época no Brasil.
Para encerrar, além de sua elevada significação cultural, coroada com a eleição para a Academia Brasileira de Letras, José Américo de Almeida foi uma das principais lideranças nacionais da Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas à Presidência da República, de cujo ministério o paraibano de quem estamos falando participou, depois de exercer o governo do estado, ainda no ano de 1930.
José Américo foi ainda membro do Tribunal de Contas da União, voltou ao governo do estado em 1950, em eleição direta, e compôs outra vez o ministério de Getúlio Vargas, em novo mandato presidencial conquistado em eleições livres e diretas.
Fica, portanto, registrada a figura de José Américo de Almeida, um paraibano da mais alta importância para o nosso estado e para o Brasil.
SÉRGIO BOTELHO ESCREVE NO PARAHYBA NOTÍCIAS TERÇAS, QUINTAS E SÁBADOS