Se alguma dúvida existia sobre a denominação de origem da singela praça que fica na confluência das ruas São Miguel e República, na região do Varadouro, em João Pessoa, bem como da data de sua inauguração, o jornal A União de terça-feira 21 de julho de 1931 a dirime. A primeira página do órgão oficial do governo, naquele dia cantou a bola: na manchete, “As homenagens da semana cívica ao imortal Presidente João Pessoa”, e após duas sub-manchetes, vinha a terceira: “A inauguração da ‘Praça do Trabalho’ e cortejo de milhares de operários”. Vamos à história. Às vésperas do primeiro aniversário da morte de João Pessoa, a capital paraibana havia inaugurado, no domingo 19, uma semana inteira dedicada à memória do paraibano assassinado em Recife em 26 de julho do ano anterior.
Como parte da programação, na segunda-feira, 20, houve a inauguração da Praça do Trabalho, onde já havia sido assentada uma enorme pedra granítica, vinda de trem provavelmente do Espírito Santo, com peso calculado em mais de 20 toneladas. (A pedra passou a ser tão marcante na imagem do referido espaço urbano que a maioria das pessoas convencionou chamá-lo de Praça da Pedra). Não apenas por sua significação urbana, mas também pela histórica, convém saber um pouco de como aconteceu a monumental solenidade. Já às 8 horas da manhã da segunda-feira, a população local ouviu uma salva de 21 tiros, com a inauguração ocorrendo às 14 horas.
Lembrando que o Exército, devidamente representado pelo general Sotéro de Menezes (então, comandante da 7ª Região Militar, sediada em Recife), completamente integrado ao espírito da Revolução de 1930 e aos governos Getúlio Vargas, no Palácio do Catete, e Antenor Navarro, no Palácio da Redenção, estava vibrantemente participando de todas as solenidades em homenagem a João Pessoa, na capital paraibana. Ao lado de empresas privadas, estavam representando os trabalhadores, e empunhando seus estandartes, a União Beneficente Operária dos Trabalhadores, a Sociedade de Artistas, Operários, Mecânicos e Liberais, a Colônia de Pescadores Z-6, o Centro Operário Natalense, a Aliança Proletária Beneficente e a Sociedade União Gráfica Beneficente Paraibana. Alguns deles até discursaram.
Após a cerimônia de inauguração, um desfile puxado pela banda da Polícia Militar “tendo à frente, envolto pela bandeira nacional, o retrato do presidente João Pessoa”, subiu a Rua da República, pegou à esquerda a Beaurepaire Rohan, dobrou à direta na atual Guedes Pereira, virou mais uma vez à direita na Duque de Caxias, encerrando o desfile na Praça João Pessoa, onde, certamente após cortarem caminho direto pela rua da República, lá estavam as autoridades esperando o cortejo. Portanto, temos hora e data (14 horas de 20 de julho de 1931) e nome oficial do logradouro (Praça do Trabalho). A pedra é só enfeite, embora tenha se locupletado com o prestígio conquistado junto ao povo, até hoje!