Em primeiro lugar, um ajuste com respeito à informação que demos na postagem sobre a rua Barão do Abiahy/Eliseu César, na última quinta-feira, 20: Silvino Elvídio Carneiro da Cunha, o barão do Abiahy, nasceu na cidade da Parahyba (atual João Pessoa), então capital da Província da Parahyba do Norte, e não em Alhandra, onde na verdade tinha uma propriedade e um casarão, herdados do pai. Sua chegada ao mundo ocorreu em 31 de agosto de 1831, quase 5 meses depois da abdicação de Dom Pedro I, ocorrida em 7 de abril daquele ano, em favor do seu filho, Pedro de Alcântara, nascido em 1823. Dessa forma, a subsequente vida pública do Barão do Abiahy, como ficou mais conhecido perante a história, foi forjada inteiramente ao tempo do Segundo Reinado (1840-1889), sob a regência de Pedro II, a quem serviu na condição de membro do Partido Conservador. Recebeu em contrapartida missões bastante honrosas (das quais teria se desincumbiu bem, com reconhecimento do governo imperial), como as de presidente das províncias da Parahyba do Norte (1874 -1875), do Rio Grande do Norte (1870-1871), de Alagoas (1873) e do Maranhão (1873), segundo o Cadernos de História da Educação. Não é pouco. Enquanto presidente da Paraíba, enfrentou a popular Revolta do Quebra Quilos, iniciada em Campina Grande, que se opunha às mudanças introduzidas pelos novos padrões de pesos e medidas (reservadamente, quilograma e metro) adotados internacionalmente, conseguindo superar o episódio. Seu título de barão foi concedido na década de 1880, quando a barca do Império já fazia água. Mas também foi Fidalgo Cavaleiro da Casa Imperial, Comendador da Imperial Ordem da Rosa e Comendador da Imperial Rosa de Cristo. Enfim, Oficial do Mérito Agrícola e da Legião de Honra da França. Um monarquista de altíssimo prestígio. Além de governar aquelas províncias, Silvino Elvídio Carneiro da Cunha foi Inspetor da Alfândega, deputado provincial (1855-1870), delegado de Polícia, promotor público, secretário de Governo, diretor da Instrução Pública e Procurador da Fazenda, na Parahyba do Norte, e Inspetor da Alfândega nas províncias do Amazonas e do Maranhão. A influência política do Barão do Abiahy, portanto, foi bem além das fronteiras paraibanas, o que o torna uma figura bem importante, no estado e no Nordeste, durante o reinado de Pedro II. Sua convicção monárquica, porém, não sobreviveu à queda do imperador e à instalação da República, em novembro de 1889, pois rapidamente se ajustou ao novo regime, após o afastamento do último presidente da Província local, o gaúcho Franciso Luís da Gama Roza (ou Rosa). Realinhado política e ideologicamente, e sem um movimento anterior forte em favor da República, na Paraíba (os paraibanos mais destacados na luta republicana atuavam fora do Estado), acabou fazendo parte da primeira junta governativa estadual, sob a nova forma de governo, e refez suas ideias sobre educação, no rumo do liberalismo. O Barão do Abiahy era sócio do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP), o mais antigo do Brasil, fundado em 1862. (Aproveitando para informar que o Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP) foi instalado em 1905, e o barão faleceu em 8 de abril de 1892, próximo do Porto do Recife, aos 60 anos, a bordo do vapor Olinda). Sua filha, Olivina Olívia Carneiro da Cunha, nome de uma escola estadual importante, na capital paraibana, tem relevância na história da Paraíba, com significativo envolvimento na Educação, mais fortemente na primeira metade do Século XX. Os restos mortais do Barão do Abiahy estão sepultados em mausoléu na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em João Pessoa.
Nas imagens que referenciam o Barão do Abiahy, pela ordem: retrato, residência na esquina das Trincheiras com a atual Praça Venâncio Neiva, prédio do Ministério do Trabalho, no terreno da antiga residência, o casarão em ruínas, no município de Alhandra, e o mausoléu na Igreja do Carmo.
SÉRGIO BOTELHO é jornalista e memorialista, escreve todas às terças, quintas e sábado para o PARAHYBA NOTÍCIAS