O cinema brasileiro feito por mulheres cis, trans ou travestis vem, cada vez mais, ganhando espaço. O número de inscrições para a segunda edição da Djaniras – Mostra de Cinema Feminino que acontecerá de 6 a 9 de agosto, na Usina Energisa em João Pessoa, na capital paraibana, superou as expectativas. A Mostra Margarida, destinada a curtas realizados na Paraíba subiu de 15 para 24 filmes. Já a Mostra Acácia, que ampliou o recorte de Nordeste para Brasil, foi de 70 para 165 curtas-metragens inscritos.
Para Martina Nobre, mais do que números, as inscrições são indicativos de um contexto que já vem mudando dentro do cinema brasileiro, é resultado de muito trabalho e evidência da conquista das realizadoras, mesmo ainda sendo uma parcela menor no audiovisual brasileiro. “Acreditamos que esse crescimento se deve a muitos fatores, desde investimento em políticas públicas aos resultados de políticas de gênero, raça e classe da sociedade civil organizada”, afirmou Martina, coordenadora geral da Mostra.
A mostra Djaniras chega para alavancar e fortalecer esse cinema produzido por mulheres, sejam elas cis, trans, ou travestis. A Mostra, segundo Martina, pretende abraçar todas as possibilidades e reconhece a força do cinema feminino, mas os números também traduzem o contexto sociocultural uma vez que as mulheres cis foram as que mais se inscreveram na Mostra. O perfil também ainda coloca as mulheres brancas como maioria (60%) e negras (30%).
“Entendemos a Mostra como parte da nossa luta. Queremos estar ao lado daquelas que estão dispostas a mudar esses indicadores. É uma necessidade social que tenhamos mais mulheres negras e indígenas, assim como, mais mulheres trans e travestis comandando novas narrativas. Sabemos das dificuldades estruturais e históricas, mas vamos continuar difundindo e sendo suporte para outras possibilidades de mundo. A Mostra será cada vez mais plural”, disse.
O crescimento de realizadoras inscritas na Mostra, como menciona Martina, sinaliza que o evento tem uma função social importante, pois está se tornando uma vitrine para realizadoras de várias cidades brasileiras, o que é essencial e educativo para a formação de plateia. “Assistir aos filmes dessas mulheres é dizer que elas estão presentes no audiovisual, sim. Isso vai alertando e mudando o olhar do público para este fato. Estamos trabalhando com inclusão e formação para que esses números sejam mais amplos aqui e por todo lugar”, falou Drica Soares, responsável pela Carambola Filmes, produtora da Mostra e também a coordenadora geral da Mostra.
Djaniras é uma realização da Carambola Filmes com incentivo do Governo Federal através da Lei Paulo Gustavo com recursos geridos pela Fundação de Cultura de João Pessoa (Funjope), apoio da Energisa e patrocínio do Banco do Nordeste (BNB), através da Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet).
Foto: Kio Lima