Símbolo de muita luta e organização, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Sebastião de Umbuzeiro, no interior paraibano, está completando 50 anos de atuação e há muito o que comemorar. Para celebrar a data, nesta sexta (15), foi elaborada toda uma programação, que acontecerá no Salão Paroquial, situado à rua Artur Costa Leitão, 170, ao lado da Igreja Matriz.
A programação começa às 12h com um almoço e prossegue pela tarde com várias atividades que vão abordar temas como trabalho comunitário, educação, saúde, educação, organização da sociedade civil, reforma agrária, mobilização social, direitos trabalhistas, entre outros. Depois da apresentação dos grupos temáticos, o evento será encerrado.
Luiz Silva, que é um dos diretores do Sindicato desde a sua fundação em 1974, conta como foi o início e a necessidade de se criar um espaço que agrupasse trabalhadores com um motivo em comum: o respeito e os direitos trabalhistas para homens e mulheres que estavam na área rural.
Ele já tinha sido diretor de alguns sindicatos em São Paulo e chegou na Paraíba como agricultor para trabalhar nos roçados. Com o tempo, foi notando que era necessário ter mais organização para poder ter melhorias. “A gente já tinha essa ideia e pensamos em fundar o sindicato e começamos a fazer um trabalho com os agricultores antes da fundação. Aí, na Federação dos Trabalhadores e pegamos as orientações de como proceder. Assim, nascia o Sindicato em 16 de dezembro de 1974”, afirmou.
Além das condições precárias de trabalho, os agricultores também tinham que lidar com outros problemas como a grilagem dos grandes produtores, que ao comprar uma parte da terra, eles cercavam como queriam e terminavam tomando as terras de vários pequenos agricultores.
“A gente tinha esse grande sentimento de, na época, não ter como reagir. Entendemos que a forma de reagir era organizar a nossa categoria, que sofria por causa dos latifundiários. Portanto, fundamos o sindicato”, disse.
Para formalizar o sindicato, no entanto, foi preciso passar por muita burocracia. Além de sempre estar junto ao Ministério do Trabalho, o grupo também teve que passar pelo Ministério do Exército, já que muitos dos membros já tinham fichas e se posicionavam contra o Golpe Militar de 64.
A gente também queria a democracia no país, no município. E nessa luta a gente trabalhava a reforma agrária e a legislação trabalhista rural, que dá direito às pessoas que trabalhavam nas fazendas, de terem suas carteiras assinadas.
O movimento, conta Luiz, começou incomodar muitos fazendeiros. Nessa época, sindicalistas chegaram a receber ameaças de morte.
“Foi aí que a gente entendeu que deveria fazer um trabalho também na região, fundar outros sindicatos e articular os sindicatos da região do Cariri Ocidental, que é aqui na minha região, o estado da Paraíba, para que a gente pudesse unir força para conseguir nossos direitos. Houve toda uma articulação. Fundamos uma instituição chamada Centro de Educação do Trabalho Doral, em 1981, e com essa instituição, com alguns asilados políticos, com o Manoel da Conceição e outros companheiros que sofreram. Só depois da Anistia que puderam voltar ao Brasil, estavam asilados em outros países”, contou.
Com a ditadura militar, o retorno da democracia, a conjuntura atual do Brasil, o sindicalista afirma que, cada vez mais, é importante saber e conhecer a luta de classes e unir as bases em prol do bem comum dos trabalhadores e trabalhadoras.
“Acho importante para a nossa luta, a luta social, a organização social, e a gente poder trabalhar para garantir a democracia no país e o avanço dos nossos direitos da classe trabalhadora”, observou.