O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra da Paraíba (MST-PB), em articulação com o PET de História da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), PET de Economia da UFCG, BrCidades da Paraíba, Observatório das Metrópoles, Laboratório de Estudos Rurais e Ambientais (Lera) da UFCG, realiza, nos dias 26 e 27 de novembro de 2024, a 2ª edição da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (Jura). O evento acontecerá na UFCG, e tem como lema Paz no Campo Tem Nome: Reforma Agrária.
Ao longo dos dois dias, buscaremos dialogar sobre as novas formas de violência no campo e as formas de luta e de resistência dos povos.
Historicamente, a Paraíba é o estado de um povo que luta e resiste há séculos contra a ira do latifúndio. Podemos citar aqui os povos Tabajara, Potiguara, as comunidades quilombolas, a Revolta do Quebra-Quilos, as ligas camponesas e o sindicalismo rural. A história da Paraíba é a luta pela terra.
Nessa procissão de retirantes, nós seguimos abrindo trincheiras de luta, resistência e de superação de todos os tipos de latifúndios, o do saber, do capital e da terra. Com os ensinamentos de Elizabeth Teixeira, seguiremos na luta por terra, pão e dignidade!
Convidamos todas e todos que se alimentam dos frutos da terra, e dos sonhos de uma outra sociedade, livre, justa e igualitária a estarem conosco nesta 2ª edição do evento.
A história da Paraíba é a história da luta pela terra
Nos últimos anos, temos vivenciado uma escala da violência contra os povos que lutam pela terra e por territórios no Brasil. Levando em consideração os cadernos de conflitos da Comissão Pastoral da Terra (CPT), foram 2.203 conflitos registrados no ano de 2023 no Brasil, o que é um recorde da série histórica que vem sendo catalogada desde 1985 .
No caderno de conflitos é possível ver a natureza dos conflitos que na sua maioria são: por terra, água, trabalho escravo e violência direta contra a pessoa humana. E quando olhamos para a Paraíba, especialmente, no que concerne a luta pela terra vemos essa elevação dos conflitos também se expressarem aqui entre 2023 e 2024.
Foram tentativas de despejos violentos de famílias camponesas, ataques diretos em territórios indígenas e quilombolas, uso de milícias e ateamento de fogo em acampamentos Sem Terra e um total de três vidas sem terra ceifadas por conflito agrário entre novembro de 2023 e março de 2024.
Além da violência direta contra as vidas humanas também temos presenciado a violência contra a natureza e os bens naturais na Paraíba. Seja no uso de agrotóxicos, nos desmatamentos, das queimadas, desertificação da caatinga, na apropriação e expropriação da água, na exploração do sol e do vento pelas usinas de energias renováveis provocando a expulsão das famílias do campo e produzindo mudanças sociais para as famílias e nos territórios.
Partindo do pressuposto que a história da Paraíba é a história da luta pela terra, pontuamos que os povos do campo na Paraíba se mantêm firme e em luta. A cada marcha, cada ocupação de terra, a cada feira agroecológica e a cada produção cooperada se alicerça o caminho para a superação total do modelo de produção e organização social e política do latifúndio, pois como nos lembra a Beth Carvalho: “se o branco da paz irradia, vitória das mãos calejadas”.
Portanto, só conseguiremos resolver os conflitos no campo quando tivermos a profunda transformação da estrutura agrária no Brasil, superando o latifúndio demarcando terras indígenas, comunidades quilombolas e realizando a reforma agrária para termos paz no campo e a preservação da natureza e dos bens naturais.
Confira a programação
26 de novembro
9h – Abertura e apresentação teatral com o grupo de teatro do Assentamento Oziel Pereira de Remígio (PB)
9h30 – Mesa de Abertura: Novas formas de violência e conflitos no campo, com Eva Vilma, direção estadual do MST, Marcos Mitidiero, professor de geografia da UFPB, e mediação de Luciano Queiroz, professor de história da UFCG.
14h – Rodas de Conversas
Lutas do Campo e da Cidade; As Resistências dos Povos do Campo.
27 de novembro
10h – Lançamento do Livro MST 40 anos.
14h – Rodas de Conversa:
– O Papel da Mecanização na Construção da Reforma Agrária Popular;
– O Papel da Educação Popular na Emancipação Humana.
18h30 – Mesa de encerramento: A defesa dos territórios e dos Bens Comuns no Contexto das Mudanças Climáticas, com Ramonildes Gomes, professora de Ciências Sociais; Aguida Cristina, professora de Ciências Econômicas; Dilei Schiochet, direção estadual do MST-PB e mediação: Paulo Romário.
*Paulo Romário integra a direção estadual do MST-PB.
**Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.
Fonte: Brasil de Fato