Cacá Diegues, nome artístico de Carlos José Fontes Diegues, foi um dos mais importantes cineastas brasileiros, reconhecido por sua contribuição ao Cinema Novo e por filmes que marcaram a história do cinema nacional. Nascido em 19 de maio de 1940, em Maceió, Alagoas, ele faleceu hoje, 14 de fevereiro de 2025, no Rio de Janeiro, aos 84 anos, devido a complicações de uma cirurgia .
Cacá Diegues foi um dos fundadores do Cinema Novo, movimento que revolucionou o cinema brasileiro nas décadas de 1950 e 1960, ao lado de nomes como Glauber Rocha, Leon Hirszman e Joaquim Pedro de Andrade. O movimento buscava retratar questões sociais e políticas do Brasil, com um olhar crítico e autoral .
Sua carreira começou ainda na universidade, onde fundou um cineclube e dirigiu o jornal O Metropolitano. Seu primeiro filme profissional, Escola de Samba Alegria de Viver (1962), foi parte do longa Cinco Vezes Favela, marco do Cinema Novo .
Diegues dirigiu mais de 20 longas-metragens, muitos deles premiados internacionalmente. Entre seus filmes mais emblemáticos estão:
- “Xica da Silva” (1976): Um de seus maiores sucessos, que retrata a história de uma escrava que se torna uma figura poderosa no Brasil colonial
.- “Bye Bye Brasil” (1979): Uma reflexão sobre as transformações sociais e culturais do Brasil, acompanhando uma trupe de artistas ambulantes . - “Quilombo” (1984): Um épico sobre o Quilombo dos Palmares, destacando a resistência negra no período colonial
.- “Deus É Brasileiro” (2003): Uma comédia que explora a religiosidade e a cultura popular brasileira .
Cacá Diegues foi um dos cineastas brasileiros mais conhecidos internacionalmente, com filmes exibidos em festivais como Cannes, Veneza e Berlim. Ele recebeu diversos prêmios, incluindo o Golden Reel de Contribuição ao Cinema Latino-Americano e o Grande Prêmio de Cinema Brasileiro .
Além de sua carreira no cinema, Diegues foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) em 2018, ocupando a cadeira número 7, anteriormente pertencente a Nelson Pereira dos Santos .
Cacá Diegues foi casado com a cantora Nara Leão de 1967 a 1977, com quem teve dois filhos, Isabel e Francisco. Em 1981, casou-se com a produtora Renata Almeida Magalhães, com quem teve a filha Flora, falecida em 2019.
Diegues deixou um legado imenso para o cinema e a cultura brasileira. Suas obras continuam a inspirar novas gerações de cineastas e espectadores, refletindo a complexidade e a diversidade do Brasil. Sua morte marca o fim de uma era, mas sua influência permanece viva através de suas produções e de seu compromisso com a arte e a sociedade.
POR SÉRGIO BOTELHO