“EU NASCI PARA CANTAR”: OLIVEIRA DE PANELAS REFLETE SOBRE A VIDA E A VIOLA EM UMA HOMENAGEM ESPECIAL

 

79 ANOS DO POETA E 2 ANOS DO REVISTA ESTADUAL

 

Em uma emocionante homenagem pelos seus 79 anos de vida, o programa Revista Estadual, da Rádio Tabajara, apresentado por Luiz Henrique e Humberto Alexandre, recebeu neste sábado, 24 de maio, o ilustre poeta repentista Oliveira de Panelas. A entrevista foi também para a celebração dos dois anos do Programa “REVISTA ESTADUAL” no ar.

 

Durante a entrevista, Oliveira relembrou seu primeiro contato com a viola e a poesia, que aconteceu aos 12 anos, ao ouvir um programa na Rádio Difusora de Caruaru. Conforme seu relato, foi neste momento que ele compreendeu seu destino: ser poeta e fazer da viola seu principal sustento.

A arte do repente e a fidelidade ao verso

Questionado pelo apresentador Humberto Alexandre se algum mote (tema para o repente) já o havia tirado do compasso, levando-o a “bater na viola” em busca de encaixe para o verso, Oliveira de Panelas foi categórico ao afirmar que tem sempre um verso pronto e que “cantador que bate muito na viola não é cantador”. Atribuiu sua fluidez à dedicação, a muito estudo, ouvindo grandes nomes da poesia nordestina e lendo bastante.

Reconhecimento e felicidade

Oliveira também falou sobre a Academia Popular de Letras, Artes e Ciências, na cidade de Areia, Paraíba, que leva seu nome e que também completa um ano de atividades neste 24 de maio. Com emoção, ele expressou sua satisfação: “Eu me sinto um homem feliz, realizado, porque tenho a consciência do poder cósmico a operar em nossas atitudes, em nossas virtudes. Eu fiz da cantoria um pão angelical, então eu sinto que nasci para cantar, fazer poesia, amar, sentir, ver nas crianças, nas aves e nos animais que eu nasci para tudo isso”.

O poeta ainda compartilhou suas experiências de 16 viagens internacionais e a alegria de ter conhecido o Brasil de ponta a ponta.

As regras da cantoria

Com sua vasta experiência, Oliveira de Panelas detalhou as regras e formas que envolvem as cantorias e seus festivais. Explicou que toda cantoria começa pelas sextilhas, que podem ser repetidas. No entanto, gêneros como o “Galope à beira-mar”, “Martelo Agalopado” e “Alagoano” só podem ser cantados uma vez na noite. Ele revelou suas preferências, ressalvando as sextilhas e o mourão, além da infinidade de motes existentes.

Um desafio poético

Ao final da entrevista, o jornalista Luiz Henrique lançou um desafio com seguinte mote: “Um cachorro na coleira é mais feliz do que eu”. De pronto, Oliveira de Panelas pegou o tema e, com maestria, improvisou:

“Minha mulher me deixou,

A sogra briga comigo,

Tenho mais de um inimigo

Que a má sorte me mandou.

Meu dinheiro se acabou,

A minha sorte se escondeu

E sabe o que aconteceu

Com a vida de Oliveira?

Um cachorro na coleira é mais feliz do que eu.”

A trajetória do “Pavarotti do Sertão”

Oliveira de Panelas, cujo nome verdadeiro é Oliveira Francisco de Melo, é um renomado poeta, repentista, escritor e cantador. Ele é uma figura central da cultura nordestina, admirado por sua voz potente e afinação, além de ser reconhecido por inovar a cantoria com temas modernos e técnica apurada.

Nascido em 24 de maio de 1946, no Sítio Contador (Recifinho), em Panelas, Pernambuco, Oliveira demonstrou talento para a poesia desde os 7 ou 8 anos. Cantou pela primeira vez em público aos 12 e se profissionalizou aos 14. Seus pais, Antônio Francisco de Melo Filho e Maria Virtuosa dos Santos, foram seus grandes incentivadores.

A entrevista foi transmitida pela Rádio Tabajara FM em rede com outras 15 emissoras por toda a Paraíba.  O programa Revista Estadual é o noticiário de maior audiência nas redes sociais da Rádio Tabajara; o lema do programa é: UM NOTICIÁRIO BEM COMENTADO.

oliveira de panelas

 

Equipe REVISTA ESTADUAL

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