Tenda da 4ª CNGTES presta homenagem à sabedoria e legado de Dona Chica Parteira

Na simplicidade do seu sorriso e na força do seu abraço, Dona Chica, parteira, benzedeira e guardiã de muitos saberes ancestrais, salvou vidas e trouxe alívio a inúmeras comunidades por onde passou. Nascida entre tradições indígenas Ka’apor e raízes populares do Maranhão, Dona Chica era mais do que uma rezadeira; ela era um elo vivo entre o passado e o presente, carregando consigo práticas que misturavam os saberes ancestrais. Seu falecimento, em janeiro de 2024, marcou o fim de uma trajetória física, mas não apagou sua presença simbólica e espiritual nos movimentos pela saúde comunitária e pelos direitos das comunidades tradicionais.   

Neste ano, a 4ª Conferência Nacional de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (4ª CNGTES) escolheu Dona Chica como a grande homenageada. A tenda que leva seu nome foi erguida como um espaço vivo de memória, aprendizado e celebração de distintas culturas. Decorada com elementos que remetem à sua identidade e à natureza, o ambiente convida os participantes às apresentações culturais e a fazer diversos debates, dentre eles sobre a importância dos saberes tradicionais na saúde coletiva e no fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).   

Descrição da imagem: Plano aberto da tenda, pela lateral, com artistas ao centro e bandeiras no chão e penduradas. Há cadeiras ao redor, com algumas pessoas sentadas. círculo.

Espaço de memória e encontros 

Localizada no espaço de convivência do evento, a tenda não é apenas um local de memória, mas também um ponto de encontros e diálogos. Dentro dela, atividades como rodas de conversa e apresentações culturais destacam a integração dos conhecimentos populares no contexto do sistema de saúde pública. Fotos, objetos, bandeiras de coletivos e movimentos sociais no centro da tenda reforçam o legado de Dona Chica, evidenciando a importância do conhecimento e da organização popular. 

Samara Silva, filha de Dona Chica, acompanhou com atenção e profunda emoção as homenagens dedicadas à mãe. Para ela, Dona Chica sempre será muito mais que uma figura materna: é um símbolo de luz e esperança. 

“Ela sempre nos ensinou a respeitar o próximo e a ajudar sem olhar a quem, independentemente de quem fosse. Sempre dizia que, diante de uma necessidade, devemos ajudar sem pedir nada em troca. Essas eram suas palavras, e ela se sentia bem quando ajudava — fosse na saúde, fosse em qualquer outro termo. Ela se sentia bem em ajudar”, recorda Samara. 

Descrição da imagem: Em primeiro plano Samara, mulher negra, usa blusa vermelha e está em pé. A foto pega da cintura para cima. Ao fundo, banner com imagem da Dona Chica.

Resgatando saberes para inspirar o futuro 

Dona Chica simboliza o que o SUS aspira: um sistema de saúde integral, que respeita a diversidade cultural e acolhe as práticas de cuidado que transcendem o convencional. A homenagem deste ano, carrega um recado objetivo: o futuro da Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde no Brasil precisa ser construído com a inclusão do cuidado e saberes, que vão muito além do que é ensinado em escolas e universidades.   

Um recado ressoado na voz de mulheres e homens que entoavam cantigas na tenda em homenagem à parteira e que ficou gravado em muitos corações: “Desde o tempo em que nasci/ Logo aprendi a lição/ Cuidar do outro é cuidar de mim/ Cuidar de mim é cuidar do outro.”  

Que seu legado inspire não só os participantes da conferência, mas todos que acreditam em uma saúde mais humana, diversa e acessível. 

Descrição da imagem: Bandeira do SUS no chão, ao redor tecido em chita e bandeiras diversas.

Fonte: Assessoria da Conferência

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