Hamas liberta reféns israelenses; palestinos soltos por Israel chegam à Cisjordânia

 

Oitenta e oito detidos saíram da prisão de Ofer e 162 de Ketziot; 1.718 pessoas presas desde o início da guerra deverão ser libertadas

Tatiana Carlotti (Opera Mundi)
São Paulo
13 de outubro de 2025, às 07:11

 

O Hamas libertou os 20 reféns israelenses na Faixa de Gaza em dois lotes e os entregou ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). Ao mesmo tempo, prisioneiros palestinos libertados por Israel chegaram a Ramallah, na Cisjordânia ocupada, nesta manhã (13/10), marcando o início da troca de detentos prevista no acordo de cessar-fogo, mediado por Donald Trump, entre Israel e o Hamas.

De acordo com a primeira fase do plano, todos os reféns israelenses vivos em Gaza serão libertados em troca da libertação de 250 prisioneiros palestinos, incluindo 88 pessoas da Prisão de Ofer e 162 da Prisão de Ketziot, no Negev. Cerca de 1.718 detidos de Gaza após o início da guerra, em 7 de outubro de 2023, deverão ser libertados.

A trégua começou a ser implementada neste domingo (12/10) com a entrega de sete reféns israelenses pelo Hamas ao CICV, e de 13 reféns nesta manhã, na região central da Faixa de Gaza. Uma fonte do Hamas informou à Al Jazeera que os reféns foram deslocados para três locais antes de sua transferência. Israel também receberá os corpos de 28 reféns, até esta manhã, quatro corpos foram devolvidos.

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O diretor do Escritório de Mídia de Prisioneiros Palestinos do Hamas disse à Al Jazeera que o fim do ataque israelense a Gaza é um “grande dia” e que verá vários prisioneiros mantidos em prisões há décadas libertados. Mais de 150 prisioneiros palestinos libertados serão deportados para outros países, informou.

Na Cisjordânia, autoridades israelenses instruíram as famílias dos palestinos libertos a não realizar celebrações públicas nem falar à imprensa. Em Gaza, milhares aguardavam a chegada dos prisioneiros na frente do Hospital Nasser, em Khan Younis, onde foi montado um ponto médico para atendê-los.

O acordo e a libertação ocorreram às vésperas da chegada do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a Tel Aviv. Ele já chegou na capital israelenses, acompanhado do secretário de Estado, Marco Rubio, do secretário de Guerra, Pete Hegseth, e do diretor da CIA, John Ratcliffe. “Vai ser um momento muito especial. Todos estão vibrando”, disse Trump antes de decolar. Em declarações a jornalistas a bordo do Air Force One, o presidente afirmou que “a guerra acabou” e elogiou o papel do Catar na mediação do enclave.

Ajuda humanitária
Enquanto as libertações ocorrem, os palestinos retornam às áreas de Gaza das quais haviam sido deslocados, encontrando cidades em ruínas e bairros completamente devastados. “As pessoas voltam a verdadeiros desertos de escombros”, relatou Ibrahim al-Khalili, correspondente da Al Jazeera.

Os caminhões com ajuda humanitária começaram a entrar no território no domingo, mas a distribuição é lenta e insuficiente, aponta a repórter Hind Khoudary, também da agência catari: “os palestinos não esperam apenas comida, mas também tendas, abrigos móveis, painéis solares e equipamentos médicos básicos – itens ausentes há quase dois anos”, relata.

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