PARAHYBA DO NORTE E SUAS HISTÓRIAS

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Sérgio Botelho – Como se sabe, a Parahyba do Norte, enquanto território, não foi muito notável do ponto de vista da defesa dos ideais republicanos. A não ser reuniões pontuais realizadas nas dependências do Astrea, a partir de 1886, ano de fundação do clube, e eventuais crônicas de jornais, não há notícias de expressivas manifestações públicas ou privadas contra a Monarquia. A vinda de Dom Pedro II, no Natal de 1856, assinalada por uma benevolente distribuição de títulos nobiliárquicos, parece ter calado fundo na alma das elites estaduais. A participação paraibana na luta pelo fim da Monarquia , segundo os historiadores, se deu de forma bem mais clara e efetiva por meio de figuras como Aristides Lobo, Albino Meira, Maciel Pinheiro, Almeida Barreto, Silva Jardim, Coelho Lisboa e Manoel Marques da Silva, expressões nacionais do movimento em favor da República. Todos eram paraibanos, porém não atuavam profissionalmente no território estadual. Por conta disso, em Parahyba do Norte, o anúncio da proclamação da República circulou marcada pela incredulidade e pela apatia.

Refeitos da surpresa, logo velhos monarquistas abandonaram suas crenças políticas e se apresentaram para derrubar e suceder o último governador do Império, Francisco Luís da Gama Roza, rapidamente apeado do cargo, com imediato pedido de proteção à guarnição federal com receio de ser morto. Nesse quadro, como prova do republicanismo paraibano, foram providenciadas rapidamente a substituição dos nomes de pelo menos três logradouros importantes da cidade: a Rua da Imperatriz, que passou a se chamar Rua da República; a rua Conde D’Eu, que adotou o nome do republicano natural da Paraíba, mas vivendo em Recife, Maciel Pinheiro, falecido dias antes da instauração do novo regime; e a Praça do Imperador, no Varadouro, onde havia sido recepcionado Dom Pedro II, que virou Praça XV de Novembro, justamente a data da Proclamação da República, no país. Ao que tudo indica, parece que se tratava mesmo de apagar quaisquer vestígios que lembrassem a época monarquista paraibana, dando à capital um status de tradição republicana.

Por sinal, a vizinha Recife mantém até hoje nomes de ruas que lembram a Monarquia, sem qualquer pejo, apesar de ter sido centro vivo do republicanismo no Brasil. Mas, em João Pessoa, foi tudo riscado do mapa.

Sérgio Botelho é jornalista e escreve todas às terças, quintas e sábado no PARAHYBA NOTÍCIAS

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